Quer mesmo saber a verdade sobre Intercâmbio Social?
Então vamos retornar comigo para o ano de 2015, ano em que resolvi largar tudo e cair no mundo em uma jornada de 9 meses, por 9 países com objetivo de ter um encontro comigo mesma, me conhecer de todas as formas e com toda a força possível.
Foi durante essa viagem que eu criei, propositalmente, diversos ambientes e situações das mais variadas possíveis, para enfim saber quem eu realmente era, para aprender como lidar comigo, com domar minha fera interna, como exercer o controle completo sobre minhas emoções e pensamentos.
E de verdade? Essa clareza sobre nós mesmos só uma boa viagem pode trazer. Nenhum processo de coaching ou curso de autoconhecimento trará você para você mesmo com tanta intensidade!!
E adivinha só qual lugar me chamou para experimentá-lo?
ÍNDIA!!!
Se era intensidade que eu queria…
EU DEFINITIVAMENTE ENCONTREI!
E achei essa oportunidade por meio de um querido amigo que me recomendou procurar a AIESEC, uma das maiores organizações estudantis do mundo.
Foi por meio deles que encontrei uma vaga para um projeto social na Índia.
Fiz a entrevista enquanto ainda estava na Irlanda, mas recebi auxilio da AIESEC Cuiabá – Mato Grosso.
Quer seguir com emoção ou sem emoção?
Nesse caso não tive escolha viajante, foi com emoção mesmo!
A primeira emoção aconteceu quando eu estava em conexão dentro da Rússia rumo a Índia. Eu quase não embarquei por erro no de visto! Eu havia adquirido um visto eletrônico que recentemente havia entrado em vigor, e a atendente da companhia não sabia ainda da exitência dessa modalidade para a Índia.
Fui a última a embarcar! E já entrei daquele jeito no avião, chorandoooo claro! hahahaha
E ali começava a verdadeira jornada para dentro de mim.
Chegando em Nova Délhi…
…o gerente da AIESEC me mandou mensagem dizendo que seu motorista estava lá fora me esperando. Ótimo, fiquei feliz em saber!
O segundo susto foi no desembarque, onde descobri que o visto requerido só valia para um mês, e eu estava ali para fazer um intercâmbio social de 3 meses, E AGORA?
A AIESEC do Brasil havia me informado que aquele visto era esse o mais apropriado para o meu caso, e eu confiei, segui as instruções de olhos fechados, pois para mim eu estava realmente sendo “cuidada”.
Mas tudo bem, graças a esse equívoco eu tive a oportunidade de conhecer o Nepal…
Resolvi não pensar nessa questão de visto (uma coisa de cada vez por favor) naquele momento, eu só queria um banho quente e uma cama!
Deixando o interior do aeroporto meu sentidos começaram a despertar. A primeira coisa que senti foi o calor intenso e abafado, depois fiquei presente para o barulho irritante de buzinas, e depois para os diversos cheiros (bons e ruins), em seguida para os olhares curiosos sobre mim, e olha que eu tinha pintado o cabelo de preto heim!
Achei meu motorista, quer dizer, meu tuk tuk, que não falava nem “oi” em inglês! Segui com ele morrendo de medo, “mas tudo bem Quésia, o medo faz parte”, repetia isso para mim insistentemente até chegar ao hostel onde eu ficaria hospedada pelos seguintes meses, que por sinal não tinha ninguém. Era um sábado a noite e todo mundo estava na rua!
Minha Primeira Impressão
Foi de que o hostel parecia limpo, só o banheiro é que não parecia nada limpo, e ainda estava sem luz! E eu estava como? Com medo (kkkkkk), medo até de tomar banho no banheiro! Um medo e uma aflição que nunca esteve tão presente como naquela noite.
Índia já chegou com tudo na minha cabeça…e eu só me perguntava o que eu estava fazendo ali…será que eu tinha sido prudente com minha escolha?
Já faziam 24 horas desde a minha última refeição e 12 horas desde o meu último copo de água, e a sensação que eu tinha de mim mesmo é que a minha coragem havia me deixado. Eu passei todo esse momento paralisada, sem saber como agir e responder a mim mesma…
Até que eu adormeci e acordei com uma menina em meu quarto, uma chilena, que também estava ali pela AIESEC e também era do mesmo projeto que o meu! Vivaaaaaa…Agradeci tanto a Deus por ela estar ali, naquele exato momento, no mesmo quarto que eu…
Consegui tomar banho (já estava claro), e em seguida saí com Ingrid para ter minha primeira refeição indiana. Pense na fome e pense na pimenta…pensou? Agora triplica a intensidade da pimenta…jesus, quase morri! Mas comi, estava com fome e estava uma delícia! Foi amor a primeira prova…hahaha
E o Projeto Social?
No dia seguinte a Ingrid me levou com ela para a casa terapêutica de crianças com câncer, no centro de Nova Délhi, e chegando lá eu descobri que NÃO ESTAVA SENDO ESPERADA, eu simplesmente não existia nos papeis e no “sistema” do hospital, e que não tinha nada para eu fazer ali!
O gerente da AIESEC ficou sem me responder por dias, e quando consegui contata-lo recebi apenas uma vaga desculpa, mas nada que fosse “resolver meu problema”.
Ele simplesmente sumiu depois disso!
Bem, eu tinha duas opções, desistir e seguir meu caminho, ou criar um projeto por conta própria. E agora?
Pense comigo viajante, eu estava do outro lado do mundo, com uma missão a ser cumprida, e por mais que eu estivesse louca para conhecer a Índia inteira eu havia chegado ali com um propósito firme: Cuidar de crianças em tratamento de câncer! Ajudando-as passar por esse momento com mais leveza e com mais sorrisos!
E não! Eu não poderia permitir que essa experiência passasse sem que eu recebesse a transformação que ela havia guardado para mim, que eu fui buscar ali!
E assim eu fiz…
CRIEI UM PROJETO!!!
Passei alguns dias dentro do escritório do hospital montando o documento e o cronograma de atividades. Foi irritante, frustrante, mas…necessário!
Não estava nada feliz com o fato de acordar e ter que ir para um escritório, afinal, eu estava correndo daquele ambiente que sempre fez parte da minha rotina, mas o motivo dessa vez era mais que especial, o meu porquê naquele momento era muito forte e me ajudou a seguir mexendo com a papelada.
Até que finalmente eu consegui ter meu primeiro contato com uma criança internada, em recuperação pós tratamento, e ali eu me entreguei ao que eu realmente tinha vindo fazer.
E a partir de então fui trilhando meu caminho de forma independente e autônoma, aprendi que ter vontade é o verdadeiro tempero de qualquer trabalho, e levei esse aprendizado tão a sério que hoje já não trabalho mais em um escritório e sim no mundo. Hoje sou viajante!
Durante aquele período eu consegui realizar 6 encontros com as crianças.
Eu e a Ingrid ensinávamos a fazer origami, maquiagem, e pintura em papel. Tudo o que dava e o que nosso pouco dinheiro nos permitia.
E o brilho dos olhos daquelas crianças ao nos verem chegar? Era incrível…Parecia um privilégio para elas estarem conosco (gente diferente), sendo que a realidade era bem ao contrário, o privilégio era nosso em estar tendo tantos aprendizados com elas e por elas!
Esse projeto social sem dúvidas foi um dos grandes responsáveis pela coragem que eu tenho hoje, para realizar qualquer coisa, em qualquer situação.
Nesse processo todo eu aprendi que nós podemos fazer a diferença independente se a situação está favorável ou não.
Essa atitude parece muito bonita ou muito fácil de se aplicar, mas só quando realmente passamos por situações assim, na pele, é que entendemos o verdadeiro significado de que a vida acontece de você e não para você.
E que a resiliência e tomada de decisão, quando realizada de forma rápida e certeira, só trás benefícios. Quer gritar, grite, quer xingar a desorganização ou a incompetência das pessoas que até então eram responsáveis por você estar em “maus lençóis”, xingue (rsrsrs)!
Mas saia logo desse campo e tome uma decisão rápida sobre fazer ou de não fazer, seguir ou desistir…
Não permita que o mundo externo defina como vai ser. Faça o seu mundo interno se mexer contra as adversidades que surgirem ao longo do caminho. Não espere, não dependa, tome uma atitude!
E esses foram meu maiores aprendizados durante o intercâmbio social.
Sobre a AIESEC
Se minha experiência de intercâmbio social fosse depender somente dela…eu provavelmente estaria bem frustrada. Mas meu intercâmbio social não dependia só dela, dependia de mim também, e sei que eu dei o meu melhor!
No Brasil recebi acompanhamento de 3 pessoas, ou seja, quase todo mês trocavam meu consultor por outro que não sabia de absolutamente nada do que estava acontecendo dentro do meu processo.
Na Índia eu nem cheguei a conhecer o gestor do meu projeto…
Minha experiência FORA a AIESEC, foi incrível por que eu soube lidar com o desafio de se fazer EXISTIR e de REALIZAR.
Mas apesar de tudo eu respeito essa organização como um todo, por que não podemos generalizar, e eu mesma já ouvi muita gente do mundo todo falando bem dela, pena que eu “não dei sorte”.
Fazer ou não fazer um Intercâmbio Social?
Ainda está com dúvida?
FAZER! Claro…
Eu ainda continuo a indicando a AIESEC por saber que em muitos lugares ela tem uma equipe competente por trás, realmente capacitada e comprometida ajudando os intercambistas.
Mas temos também outras opções de voluntariado por aí, é só procurar! Mas procure com calma e com muito cuidado, beleza?!
Minimize seus risco para fazer com que sua experiência seja a melhor da sua vida, mas caso isso fuja do seu alcance, respire, tome coragem e vá fazer o que você se comprometeu a fazer consigo mesma:
REALIZAR!
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